03/04/2019 - 03/04/2019 das 14h às 17h - IPUSP - Auditório Carolina Bori e Praça do Apego | Av. Prof. Mello Moraes, 1721 - Cidade Universitária - São Paulo, SP

Prof. Dr. Richard Theisen Simanke (UFJF) | Comentador: Prof. Dr. Daniel Kupermann (IPUSP-PSC)

Prof. Dr. Leopoldo Fulgencio

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IPUSP - Auditório Carolina Bori e Praça do Apego | Av. Prof. Mello Moraes, 1721 - Cidade Universitária - São Paulo, SP

A dívida de Freud para com o evolucionismo biológico já foi amplamente abordada em estudos hoje clássicos, como os de Lucille Ritvo e Frank Sulloway, entre tantos outros. No entanto, a relação complexa de Freud com as diversas correntes do pensamento evolucionário (darwinismo, lamarckismo, spencerianismo, etc.) está longe de ter sido completamente elucidada. O objetivo aqui é contribuir para essa tarefa discutindo um problema específico, a saber, o papel relativo que essas correntes desempenharam na formação da assim chamada “segunda dualidade instintual” em Freud que, a partir dos anos 1920, propõe a distinção entre as duas grandes categorias de instinto de vida e instinto de morte. Mais especificamente, argumenta-se que: 1) a noção de instinto de morte não é incompatível com uma visão darwinista da história da vida, nem, num sentido mais geral, com uma visão biológica da vida mental, como frequentemente se aponta; 2) são os instintos de vida, e não os de morte, que apresentam os maiores problemas para uma inserção harmoniosa no quadro final da metapsicologia freudiana; e 3) a persistência da categoria dos instintos de vida se explica, pelo menos em parte, por uma referência lamarckista que surge especificamente no contexto do projeto teórico que haveria de levar à formulação da segunda dualidade instintual freudiana. Conclui-se, enfim, a título de sugestão para investigações posteriores, que a referência evolucionista de Freud é, sobretudo, darwinista, com o evolucionismo lamarckista e spenceriano desempenhando um papel complementar, relacionado a desenvolvimentos teóricos mais particulares e localizados.

Richard Theisen Simanke. Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Professor Titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e professor e orientador de Mestrado e Doutorado do PPG em Psicologia da UFJF. Bolsista de Produtividade em Pesquisa nível 1-D do CNPq. Autor, entre outros trabalhos, de A formação da teoria freudiana das psicoses (Ed. 34, 1994; Edições Loyola, 2009), Metapsicologia lacaniana: os anos de formação (2002, Discurso Editorial) e Entre o corpo e a consciência: ensaios de interpretação da metapsicologia freudiana (com Fátima Caropreso; 2011, EDUFSCar). E-mail: richardsimanke@uol.com.br

Prof. Dr. Daniel Kupermann. Professor doutor do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, nível 1. Autor dos livros Transferências cruzadas: uma história da psicanálise e suas instituições (editora Escuta), Ousar rir: humor, criação e psicanálise, e Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica, ambos publicados pela editora Civilização Brasileira; co-autor de A fabricação do humano (Zagodoni, 2014, Prêmio Jabuti 2015), Amar a si mesmo e amar o outro (Zagodoni, 2016). Autor de vários artigos publicados em revistas especializadas nacionais e estrangeiras.

Leopoldo Fulgencio. Professor associado (livre-docente) do Instituto de Psicologia (USP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa, Nível  2, CNPq. Autor de Por que Winnicott ? (2016, Zagodoni), Freud e Mach. Influências e Paráfrases (2016, Concern) e O Método Especulativo em Freud (2008, EDUC). Organizador, junto com outros colegas, de Freud na Filosofia a Brasileira (2004, Escuta), A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni), Amar a si mesmo e amar o outro. Narcisismo e sexualidade na psicanálise (2016, Zagodoni), A bruxa metapsicologia e seus destinos (Blucher, 2018). Email: lfulgencio@usp.br