Eles estão no apogeu profissional, enquanto elas vivem certa decadência
Uma pesquisa que acompanhou o comportamento de milhares de casais, por mais de duas décadas, constata: ao atingir a maturidade, os homens são mais felizes que as mulheres.
“As mulheres vivem perdas mais significativas com o passar da idade”, atesta a psicóloga do Instituto de Psicologia da USP Leila Salomão Tardivo.
“O avanço da idade é mais generoso para com os homens do que para com as mulheres”, comenta o psiquiatra Luiz Alberto Py.
“Hoje eu sou mais feliz do que quando eu tinha 20, 30 anos”, garante um homem.
O estudo que comparou o nível de felicidade entre homens e mulheres foi realizado por pesquisadores das universidades de Cambridge e da Califórnia, nos Estados Unidos. Os aspectos biológicos e hormonais não foram levados em conta.
O objetivo era medir o grau de satisfação – as aspirações e realizações – em relação à vida familiar e financeira de um casal, desde o início da vida adulta até a virada dos 40 para os 50 anos.
“O papel feminino de construir um lar e criar filhos se esgota mais precocemente. Quando a mulher chega aos 50 anos de idade, os filhos já cresceram, já estão saindo de casa, formando suas próprias famílias, seus próprios lares. Para a mulher é um momento de certa queda, como se fosse decadência. Para o homem, não. É o apogeu de sua realização profissional”, compara o psiquiatra Luiz Alberto Py.
“Os homens nessa época são mais felizes mesmo”, confirma um senhor.
“Eu estou com 46 anos, felicidade total, plena. Já estou realizado, posso dizer, em 80% de tudo que eu quero”, afirma o empresário João Paulo Ribeiro.
“Se a mulher não tiver uma auto-estima legal, não tiver uma atividade produtiva, profissional ou não, uma realização dela como pessoa, como mulher, fica mais sujeita mesmo à depressão e a situações de perda”, aconselha a psicóloga Leila Salomão Tardivo.
“É um momento que a mulher fica muito triste”, comenta uma mulher.
Mas as conclusões da pesquisa não são verdades absolutas.
“Não é um destino inevitável para as mulheres ficarem infelizes depois de uma certa idade”, lembra o psiquiatra Luiz Alberto Py.
“A vida não termina mais para a mulher, com criação de filhos. Quer dizer, as vidas estão inclusive recomeçando novas fases aos 40, aos 50. Dizem que 60 é o novo 40, né?”, aponta um homem.
“Eu tenho 61 anos, estou explodindo de felicidade”, avisa uma senhora.
Quando a mulher tem uma atividade fora do lar, uma profissão, ela não sente de forma dolorosa a passagem do tempo. É o caso da professora Shirlei Curvello, 45 anos, 22 de casada: “Eu tenho as minhas realizações pessoais, minha independência como mulher, meu trabalho, minha realização profissional. Isso me fez chegar a esse nível.”
Mas como lembra a empresária Claudia Passos, 43 anos, 22 de casada, conciliar tantos papéis não é fácil: “A mulher tem que saber se dividir. Trabalha fora, trabalha em casa, tem que continuar sendo bonita, tem que continuar sendo esposa, tem que ser mãe”.
“A mulher pode ser muito feliz. Pode ser realizada na vida, com os filhos crescendo, com os netos chegando. Cada etapa da vida tem a sua dor e o seu ganho”, aponta a psicóloga Leila Salomão Tardivo.
“A mulher hoje em dia tem instrumentos na mão para criar padrões de alegria e de felicidade para ela até, sei lá, até vir a morrer”, diz a atriz Christiane Torloni.
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