Tendo por base alguns trabalhos de investigação, percebeu-se que, os cães têm em consideração as expressões faciais humanas para tomarem decisões.

Mas será que existem maneiras de resgatar essas relações?

Reprodução

 

De acordo com um artigo desenvolvido pelos investigadores Natalia Albuquerque e Briseida Resende, do Instituto de Psicologia da USP, e Daniel Mills, Kun Guo e Anna Wilkinson, da Universidade de Lincoln, publicado na revista científica Animal Cognition, os cães são capazes de prever o estado de espírito dos humanos.

O estudo mostra que a capacidade de observar fisionomias, gestos e ações, relacionando-os com as emoções, não é uma característica inerente apenas aos seres humanos. Outros animais, de acordo com estudos anteriores, já tinham sido capazes de demonstrar as mesmas características, mas estes estavam incluídos principalmente na família dos primatas.
Segundo um outro trabalho também conduzido pela investigadora Natalia e colaboradores, constatou-se que, os cães reconhecem as emoções humanas, e não apenas emoções de outros seres da sua própria espécie – sendo os únicos animais capazes de realizar esse feito.
Para os testes, foram usados 114 cães, sendo que, todos já conviviam com uma família humana há pelo menos seis meses e estavam acostumados a interagir com pessoas e a frequentar espaços desconhecidos. Da amostra inicial, 91 cães (56 fêmeas e 35 machos) foram incluídos no conjunto final de dados.
Todos os animais que demonstraram passar por algum tipo de stress foram retirados dos testes, assim como aqueles que não observaram a interação de duas atrizes por pelo menos 5 segundos.
Depois de habituados na sala, os cães observaram uma interação entre as atrizes, treinadas para, a cada sessão, demonstrarem expressões faciais neutras, positivas (alegria) ou negativas (raiva). Vestidas da mesma maneira, as profissionais passavam objetos uma para a outra, silenciosamente e, em seguida, sentavam-se com um pote de ração numa das mãos e uma folha de jornal na outra.
Depois da interação, feita de maneira semelhante entre todos, a coleira era solta e, então, o cão podia interagir com as atrizes, agora ambas com expressões neutras. O comportamento de cada animal foi registado por cerca de 30 segundos.
Como resultado, percebeu-se que, «os cães têm em conta as expressões das emoções dos humanos para fazerem escolhas»
As conclusões do estudo permitiram observar que, os animais eram quase 14 vezes mais propensos a escolher uma das atrizes ao invés da outra. Sempre que uma interação positiva acontecia, em 68% das vezes, os animais escolhiam o recetor feliz. Quando uma interação negativa acontecia, 95% escolhia a pessoa neutra, aquela que não demonstrava nenhum sinal de agressividade.
Para conseguir um pouco de ração, os cães precisavam de a  pedir a uma das mulheres – e essa escolha revelou a capacidade desses animais. A maioria tomava a decisão de interagir com a atriz que no momento da observação se mostrava feliz e evitava o contacto com a atriz que antes demonstrava estar com raiva.
Segundo os investigadores, a escolha dos animais pela atriz mais afável seria uma garantia de que iriam receber uma recompensa , pelo que, os cães não hesitavam na sua opção, o que demonstrou o quanto esse facto se assume como relevante para os canídeos.
Outros pontos do estudo ainda mostraram de maneira enfática que os cães são plenamente capazes de inferir os estados emocionais das pessoas ao seu redor, usando a memória e todas as experiências que tiveram na vida ou com aqueles indivíduos.
Gestos simples ou expressões corporais são capazes de fazer com que os cães modifiquem o seu comportamento para se adequarem ao espaço e ao ambiente em que estão inseridos.
“Desta forma, acho que podemos desenvolver uma relação mais saudável e respeitosa”, afirma a coautora do trabalho, a professora Briseida, acrescentando que, é importante não tratar os cães como humanos, e sim respeitá-los enquanto animais.
Por Fátima Fernandes, do Portal Algarve Primeiro | 2/10/2022
IP Comunica | Serviço de apoio institucional
Av. Prof. Mello Moraes, 1721 - sala 26
Cidade Universitária - São Paulo, SP

Noticias Relacionadas