Por Claudia Costa, Luisa Hirata e Maria Fernandes Barros
“A biblioteca pública, porta de acesso local ao conhecimento, fornece as condições básicas para a aprendizagem ao longo da vida, a tomada de decisão independente e o desenvolvimento cultural de indivíduos e grupos sociais.” Essa afirmação faz parte do Manifesto sobre Bibliotecas Públicas, lançado pela Ifla (International Federation of Library Associations and Institutions) e pela Unesco. Essa versão, disponível neste link, atualiza a de 1994, destacando a contribuição das bibliotecas para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Agenda 2030 e, consequentemente, a construção de sociedades mais equitativas, humanas e sustentáveis.
Em busca desse novo perfil de pleno acesso ao conhecimento e de ampliação de visitas aos seus espaços, físicos e digitais, as bibliotecas universitárias que integram a Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais (ABCD) da USP tornaram-se parceiras estratégicas da Agenda 2030, e também o elo de acesso a todo o sistema de conhecimento produzido na Universidade, ao qual todas as pessoas têm direito. Segundo Adriana Ferrari, coordenadora executiva da ABCD, a biblioteca é um equipamento cultural da sociedade, de acesso público e aberto, e as bibliotecas universitárias também cumprem essa tarefa, abrindo seus espaços para além dos muros da Universidade. “As nossas bibliotecas acadêmicas também são de acesso público, e temos um compromisso com a sociedade de oferecer serviços para toda a comunidade”, reitera. Ela ainda acrescenta que é preciso estar alinhado com as demandas do futuro, de inclusão e acolhimento, preocupando-se com a diversidade de públicos.

Adriana Ferrari, coordenadora executiva da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP – Foto: Divulgação/Febab
No contexto universitário, a Ciência Aberta é uma questão em destaque e envolve como a biblioteca pode tornar acessível o conhecimento. Adriana cita, por exemplo, o Portal de Livros Abertos da USP – reunião e divulgação dos livros digitais, com downloads gratuitos, acadêmicos e científicos publicados pelas unidades, institutos, centros e demais órgãos da USP de todas as áreas do conhecimento – e os repositórios digitais de teses e dissertações, baseados em pesquisas científicas. “Mas será que um professor de matemática sabe como acessar esse conhecimento se não o provocarmos, se não dissermos que esse conhecimento existe?”, questiona. Segundo ela, as bibliotecas da USP vêm tentando fazer com que, cada vez mais, esse conhecimento científico chegue a um maior número de pessoas.
Além disso, as bibliotecas – mesmo sendo milenares – se reinventam o tempo todo, assumindo novas funções. “Mais do que servir à bibliografia dos cursos universitários, somam-se novos papéis aos já tradicionais, de preservação do legado das cadeiras acadêmicas antigas”, diz, referindo-se aos desafios ligados ao mundo digital. Segundo ela, é preciso se preocupar com a curadoria digital e a pandemia de covid-19 acelerou essa mudança de perfil das bibliotecas, que se tornaram híbridas, oferecendo serviços remotos e acesso a coleções virtuais. Como comenta Adriana, o convívio se perdeu e a frequência às bibliotecas caiu, mas isso é um reflexo mundial. “De qualquer forma, não devemos ter ilusões de que tudo vai estar digitalizado, ainda mais num país que pertence a uma região – da América Latina e Caribe – que é a mais desigual do planeta. Por isso, as bibliotecas são e sempre serão híbridas”, garante.
“As bibliotecas não são mais tão frequentadas fisicamente quanto eram no passado, e o consumo de informação também não é o mesmo de 30 anos atrás. Tudo mudou.”
Celia Rosa, chefe técnica da Seção de Atendimento ao Usuário do Serviço de Biblioteca do IGc
“Era preciso pensar um espaço em que eles tivessem um conforto maior para pôr a criatividade em desenvolvimento, com o uso racional dos recursos.”
Celia Rosa, chefe técnica da Seção de Atendimento ao Usuário do Serviço de Biblioteca do IGc
“Os alunos que passam por lá contam das dificuldades e como ter um espaço de acolhimento como esse faz diferença.”
Anderson de Santana, chefe técnico do Serviço de Biblioteca do IGc
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