Andrés Eduardo Aguirre Antúnez (IPUSP, Brasil), Angela Ales Bello (Itália), e Antonio de Luca (Itália)
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez
Evento aberto e gratuito. Seminário: sem inscrição prévia | Disciplina: Sistema USP
12h
Objetivos:
Explorar novas possibilidades na psicopatologia: refletiremos coletivamente sobre como é possível construir estudos que, ao lado da psicopatologia tradicional, valorizem a subjetividade, abrindo espaço para pensar uma psicologia do sofrimento e da recuperação.
Traduzir a fenomenologia em prática clínica: discutiremos como os estudos fenomenológicos podem ser aplicados de forma rigorosa e sensível no campo da psicologia do sofrimento, contribuindo para percursos de cura e reconexão com o vivido.
Pensar a experiência em sua profundidade: vamos nos debruçar criticamente sobre os conceitos de vivência (Erlebnis), acontecimentos e intersubjetividade, colocando-os em diálogo com a escuta clínica e os desafios contemporâneos do cuidado.
Justificativa:
A psicopatologia ocupa um lugar central na saúde mental: é ela que estabelece os critérios para distinguir o saudável do patológico, o funcional do disfuncional, o adequado do inadequado. Ainda que leve em conta aspectos subjetivos e intersubjetivos, sua prática é, em grande parte, atribuída a especialistas — psicólogos, psiquiatras, psicopatologistas — que produzem definições tidas como objetivas. Mas… e se partíssemos da própria experiência subjetiva?
Inspirado pela fenomenologia, este curso propõe uma mudança de perspectiva: explorar a experiência vivida (Erlebnis, Vivência) como ponto de partida para compreender o sofrimento e os caminhos possíveis de recuperação. A consciência não é apenas um dado clínico — é um mundo vivido que envolve o corpo, o tempo, os encontros, os acontecimentos e o modo como somos afetados por eles. A psicopatologia, neste sentido, não pode ignorar a antropologia existencial, a intersubjetividade, a natureza do evento e o sentido do cuidado.
Com base na noção de empatia sentida de dentro — a entropatia de Edith Stein —, colocaremos o paciente no centro do processo: não apenas como objeto de avaliação, mas como sujeito ativo na compreensão e no enfrentamento do próprio sofrimento, bem como em sua recuperação pessoal e relacional.
Conteúdo programático
Durante o curso, desenvolveremos uma reflexão crítica sobre a psicologia do sofrimento e da recuperação, a partir dos seguintes eixos temáticos:
-
a) Desafios e tensões conceituais na psicologia do sofrimento e da recuperação
b) Os conceitos de Experiência (Erlebnis, Vivência), Evento e Intersubjetividade
c) Uma leitura da Paixão de Cristo como imagem radical do sofrimento humano
d) A contribuição de Primo Levi para a compreensão do sofrimento ético e existencial
e) As perspectivas de Martin Buber, María Zambrano e outros pensadores na psicologia da recuperação e do cuidado