
É bom receber reforço positivo do outro, mas não deixe de atender seus desejos
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Viver em função dos que ‘outros vão pensar’ é muito limitante, pois a pessoa acaba perdendo a autenticidade para conseguir se sentir aceita. E não é um mérito ser amada quando suas ações e opiniões estão suprimidas o tempo todo. O desafio é justamente saber até que ponto se deixar levar pelas avaliações externas, que sempre vão existir.
O comportamento humano é muito influenciado e moldado pelos outros. “Afinal, todos queremos ser aceitos, e não importa quão talentosos ou bem-sucedidos somos, nem sempre temos autoconfiança em nossas capacidades podendo nos deixar levar por opiniões alheias”, explica a psicóloga Graça Maria Ramos de Oliveira, supervisora do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Até onde vai o limite?
Viver em sociedade e relacionar-se exige flexibilidade, sendo que na prática fica muito difícil impor sempre a opinião própria. Portanto, ceder é fundamental. De acordo com André Rabelo, pesquisador pela UnB (Universidade de Brasília), esse cuidado com a reputação é profundamente natural. “Ter algum tipo de preocupação e ser motivado a fazer algo para melhorar a imagem social não é problema”, afirma.
Portanto, observar as opiniões alheias e tentar adequá-las à sua realidade é quase uma ação involuntária. E esse é o limite. Pois, os nossos desejos também devem prevalecer e o equilíbrio está justamente em conciliar opinião pessoal e bom-senso. “Dependemos do olhar do outro para descobrir quem somos, mas não podemos nos tornar alienados ao desejo alheio, sem conseguir alcançar o caminho da autonomia”, alerta o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da USP.
Sinal de alerta piscando
Em muitos casos, a pessoa que é refém da opinião dos outros não se dá conta dessa dependência. Portanto, é importante fazer uma autoavaliação para desvendar se esse cuidado não está passando dos limites.
“Uma fórmula fácil é observar se nos desculpamos demais pelo modo como agimos, mas ficar o tempo todo pedindo desculpas por opiniões ou comportamentos diferentes é um sinal de alerta”, afirma Graça Maria. Preocupar-se demais com as avaliações externas também exige atenção, pois isso pode engessar nossas atitudes, dificultando a tomada de decisões de forma rápida e assertiva.
De maneira mais clara, a pessoa vai se acovardando diante do próprio desejo. E isso gera uma culpa permanente. “Quem vive em função de agradar ao outro vive uma vida de culpa, pois entende que seu desejo é sempre incorreto ou inconveniente”, comenta Dunker. E ainda assim, se perceber a situação ainda está complicado, anote duas dicas:
- Procure lembrar a última vez que se sentiu mal com comentário de alguém.
- Tente recordar a ultima vez que deixou de fazer algo que queria apenas para agradar ao outro.
E pontue esse sentimento de zero a 10, sendo zero (não sentiu nada) ou 10 (sentiu-se muito mal). “Analisar como reage as tais situações pode ajudar a enxergar o problema”, diz Rabelo.
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