12 set 2021

Por Amanda Lemos

Embora muitos julguem passar horas no smartphone como perda de tempo, essa não parece ser mais a realidade. Mais que um aparelho para se comunicar e divertir, o celular é percebido atualmente sobretudo como um instrumento de trabalho essencial para projetar a autopromoção, numa espécie de “efeito tiktok”.

É isso o que aponta um levantamento feito pela consultoria Grupo Consumoteca. Questionados sobre qual seria a área de suas vidas mais prejudicada caso ficassem uma semana sem o smartphone, 30% dos entrevistados brasileiros apontaram o campo profissional.

O levantamento foi feito com 2.000 pessoas entre 18 e 55 anos, de classes A, B e C.

Para 25%, o grande desafio de ficar esse período sem o smartphone seria a rotina de atividades pessoais, como pagamento de contas e pedidos de delivery. Para outros 13%, o maior problema seria o acesso à informação.

Conseguir praticar atividades de lazer seria o maior entrave para 11% dos entrevistados mesmo percentual dos que apontam estudar como o maior problema caso fiquem sete dias sem um smartphone.

De acordo com a pesquisa, a área menos afetada seria a dos relacionamentos pessoais apenas 8% dos respondentes disseram que o maior problema na ausência do celular se localizaria aí.

Esse resultado traduz uma coisa muito simples: o smartphone como lazer ficou de lado e acabou virando um instrumento de trabalho, diz Michel Alcoforado, antropólogo e sócio-fundador do Grupo Consumoteca.

Entre as mudanças no campo do trabalho, diz o antropólogo, veio a oportunidade para se reinventar no mundo online e tirar proveito da ferramenta para se projetar profissionalmente. Segundo a consultoria, para 57% dos entrevistados o smartphone é importante para autopromoção.

É como se fosse um efeito tiktok, de compartilhar tudo o que faz, mostrar seu trabalho para se projetar e mostrar quem é você profissionalmente, afirma.

Para o antropólogo, alguns dados reforçam esse viés da autopromoção. O levantamento mostrou que 30% dos entrevistados acreditam que a promoção pessoal é um dos pontos positivos do uso do smartphone. Assim, a reputação pessoal de um indivíduo influencia diretamente a profissional, que passa a ter mais relevância e importância.

Olhando para trás, nos anos 1980, nossos pais ganhavam pelo que sabiam fazer. Já nos anos 1990 e 2000, chegou a geração Kumon, quando os pais colocavam os filhos em vários cursos. Agora chegamos ao saber ser. Não é mais só um diploma: você mostra como colocar em prática, afirma Alcoforado.

Por outro lado, para Christian Dunker, psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), a presença excessiva do smartphone na vida cotidiana e o comportamento na vida online geram uma série de problemas, como um sentimento de autovigilância.

O celular acaba criando um efeito paranoia: “o que será que vão pensar? Quem está vendo isso? Como devo me portar profissionalmente em uma rede e em outra não?”, diz o psicanalista. “Isso são coisas típicas que contribuem para o aumento da depressão e do burnout.”

Dunker aponta que a interferência do celular pode ser mais nociva do que o dos computadores por funcionar como uma espécie de extensão do corpo.

Leia a matéria completa em Yahoo Finanças.

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