Laboratório de Estudos e Pesquisas interunidades que reúne docentes e discentes do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (PST) – Instituto de Psicologia (IPUSP), e do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação (EDF) – Faculdade de Educação (FEUSP).

O objetivo central do laboratório é desenvolver estudos e pesquisas sobre trabalho, movimentos sociais e políticas sociais, com ênfase nas dinâmicas societárias, econômicas e políticas que vêm produzindo uma miríade de vulnerabilidades e precariedades que atravessam os sujeitos e grupos sociais na atualidade.

Justifica-se não apenas pelas afinidades intelectuais entre os proponentes, que de um modo ou de outro já vinham dialogando pontualmente em torno destas questões. A principal razão para a criação deste Laboratório se deve ao contexto em que vivemos já há alguns anos, no Brasil e no mundo, em que a defesa das políticas sociais que costumamos reunir sob o nome de Estado Social ou Estado de Bem-Estar já não consiste em força suficiente para interpor efetiva resistência ao desmonte de serviços, privatização de bens públicos, e, inclusive, ao desmanche de consensos duramente construídos, que operaram como garantidores do direito à proteção e à vida de grupos vulneráveis. Se, no campo político, desenha-se esse cenário de desfazimento das redes de segurança e proteção forjadas para proteger as formas de vida criadas nas modernas sociedades industriais, no campo econômico temos o aprofundamento da crise, com as transformações na estrutura produtiva que se acumulam desde o final dos anos 1970 e que tiveram por efeito a emergência de uma miríade de relações de trabalho, precárias e desprotegidas porque muitas vezes se realizando sob novas formas, ainda não inteiramente compreendidas e reguladas. Neste novo momento de “acumulação primitiva” de capital, tem-se assistido ao incremento dos processos de concentração de renda, com a ampliação das desigualdades e, em consequência, das experiências de iniquidade.

As vivências objetivas e subjetivas de situações de vulnerabilidades e precariedades assumem contornos muito específicos nos âmbitos da educação (formal e não-formal) e do trabalho, produzindo efeitos importantes sobre a produção, reprodução, enfrentamento e alteração do padrão das desigualdades. Nesse sentido, interessa, portanto, estudar as configurações sociais, econômicas, políticas, culturais e estatais que produzem novas vulnerabilidades ou que intensificam as experiências de precariedade de certos grupos sociais. E também as diversas formas de resistência e lutas, individuais e coletivas, que tais configurações engendram. Assim, trata-se de um laboratório com vocação interdisciplinar que pretende congregar pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, tais como a Psicologia Social, Sociologia, Antropologia e Educação.

Para tanto o laboratório TraMPos, assumindo com eixos transversais a vulnerabilidade e precariedade, busca se debruçar sobre o estudo e pesquisa dos modos como os sujeitos e grupos constroem sentidos para si mesmos, para o trabalho, a escola, a política e a relação com o Estado. Tais sentidos são atravessados por subjetivações de classe, gênero, raça, orientação sexual, local de moradia, profissão, que constelam as localizações societárias no interior das quais os indivíduos definem, a cada momento, sua relação com o mundo e o presente. Do ponto de vista metodológico, privilegiam-se abordagens qualitativas, estudos longitudinais, comparativos e de caráter etnográfico e variáveis como o tempo e o espaço, além do diálogo com as contribuições da historiografia recente, que têm alterado substantivamente a compreensão da formação social brasileira.