[ENT]REVISTA TRANSFORMAÇÕES EM PSICOLOGIA – INTERCÂMBIO NA GRADUAÇÃO

Realizar intercâmbios internacionais durante a graduação tem sido cada vez mais comum. Para você saber mais sobre essa experiência, a Revista TransFormações em Psicologia entrevistou Dalva Aparecida Paes da Silva, secretária da Cooperação Internacional do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, e três alunos de graduação da mesma instituição que realizaram intercâmbio em diferentes lugares, com diferentes experiências. As entrevistas foram realizadas no final de 2012, enquanto os alunos Carolina Gaue Zayat e Guilherme Célio Oliveira Silva cursavam o final do seu período de intercâmbio, e Giovana Telles Jafelice o havia finalizado há poucos meses. Esperamos que estas entrevistas possam mostrar diferentes pontos de vista, auxiliar na sua escolha e na preparação para os processos seletivos!

 

Entrevista com Dalva Aparecida Paes da Silva

 

Revista TransFormações em Psicologia: Dalva, por que você não conta um pouco para a gente como você começou a trabalhar na Comissão de Cooperação Internacional do IP?

Dalva::  Eu trabalho no Instituto de Psicologia desde 1984. Fiquei os primeiros cinco anos como auxiliar de tesouraria, depois dezoito anos como chefe da tesouraria e depois fui convidada pelo professor César Ades para assumir a assistência acadêmica, onde fiquei até o final de 2008. No final desse ano eu estava doente e pedi para a Profª Emma Otta para sair da assistência acadêmica; aí foi quando ela me disse que gostaria de formar um setor de cooperação internacional e me convidou para participar. Eu aceitei e a partir de novembro de 2008 foi criado esse setor.

Revista TransFormações em Psicologia: Qual a função que você desempenha dentro da Comissão de Cooperação Internacional?

Dalva:  Eu sou chefe do serviço de apoio acadêmico. Dentro do apoio acadêmico, tem a comissão de pesquisa, a comissão de ética animal, de ética com seres humanos, tem uma parte da revista – a revista que antigamente era feita toda lá em cima -, tem a comissão de cultura e extensão e tem a CCINT. Eu sou a secretária da cooperação internacional do instituto.

Revista TransFormações em Psicologia: Legal! A gente queria começar com um panorama das possibilidades de intercâmbios que os alunos do IP têm à disposição. Países, instituições e programas.

Dalva: Atualmente o Instituto de Psicologia tem trinta e um convênios firmados. Só que alguns desses convênios, poucos, foram firmados de forma que não possibilita a ida dos alunos. A maioria possibilita. O Instituto de Psicologia tem convênios no Chile, diversos na Colômbia, tem convênios com os Estados Unidos, com a Duke University, tem convênios com Portugal, com o ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada), tem um na Holanda, com a Universidade de Groningen; recentemente foi firmado outro na Itália. Os alunos têm muitas possibilidades.

Revista TransFormações em Psicologia:Quando o convênio não possibilita a ida de alunos, é um convênio só de pesquisa, como funciona?

Dalva:  Não, não é apenas de pesquisa. Funciona assim: algumas universidades, a Duke University, por exemplo, elas tentam fazer o convênio, mas no momento ela não quer receber alunos. Por que? Porque, principalmente as universidades dos Estados Unidos, elas são pagas e eles não querem alunos que não vão pagar. E o princípio dos  acordos da USP é o da reciprocidade. Assim, dado que a universidade é pública, o aluno estrangeiro não paga para vir, então o nosso também não deve pagar para ir. Então são ajustes que deverão ser feitos ainda no futuro.

Revista TransFormações em Psicologia: E quanto às modalidades de intercâmbio e bolsas? Existem diferenças?

Dalva:  Os alunos têm a possibilidade de ir para intercâmbios tanto em convênios firmados entre o Instituto de Psicologia e suas parceiras no exterior, quanto em convênios firmados pela universidade como um todo. Então existem essas duas possibilidades. Os convênios da reitoria, que são esses, eles têm diversos programas, tem o programa Santander, tem o programa da AUGM (Asosiación de Universidades Grupo Montevideo). Alguns programas têm bolsas, outros não. Eu não saberia te dizer quais são os deles com bolsa ou não pois são eles que administram esses. Sobre os nossos: recentemente, no começo desse ano, a reitoria lançou a Bolsa Mérito Acadêmico e a Bolsa Empreendedorismo, as quais são encaminhadas às unidades e possibilitam que o aluno que não tem trancamento, que não tem reprovações, que tem um bom desempenho acadêmico, faça a viagem nesse contexto.

Revista TransFormações em Psicologia:Aqui no IP então há apenas uma modalidade de bolsa?

Dalva: É, é só esse programa das bolsas Mérito Acadêmico e Empreendedorismo. Se o aluno quiser ir para uma outra universidade nossa, a gente encaminha o aluno para essas bolsas. Sempre encaminhamos para que o aluno consiga uma bolsa. Se o aluno tiver recursos e ele não for classificado para as bolsas, ele pode optar por ir e pagar a passagem e as despesas dele (moradia, alimentação, transporte), dado que ele não vai pagar a escola.

Revista TransFormações em Psicologia:Onde um aluno que esteja interessado em fazer intercâmbio deve buscar informações?

Dalva:  Essas informações, todos os nossos intercâmbios estão no site, que é o www.ip.usp.br , e aí lá dentro o aluno vai entrar em Cooperação Internacional, e lá ele vai conhecer um pouco mais quais são as opções e o que ele precisa para participar do intercâmbio. A cada seis meses, no começo do ano e na metade do ano, nós lançamos editais dizendo quantas vagas nós temos no exterior e como devem ser feitas as inscrições. Mas os alunos estão sempre lá na CCINT pedindo informações e a gente está sempre informando.

Revista TransFormações em Psicologia:No lançamento do edital, o aluno já deve estar preparado para entrar com o pedido e os documentos?

Dalva: Olha, com a portaria da reitoria, o aluno pode ir para o intercâmbio a partir do segundo ano. Então, o que a comissão tem feito. Temos dado palestras na semana do calouro e na semana de psicologia. Na semana de calouro, preparamos os estudantes que estão chegando para eles pensarem nessa possibilidade no futuro. Consideramos que o melhor momento para o aluno sair é no terceiro ou quarto ano, então, na Semana de Psicologia fazemos também uma apresentação para os alunos que estão neste momento. Convidamos os alunos estrangeiros que estão aqui para falar sobre isso. Então motiva. Os alunos que já foram também são convidados a falar para os seus colegas sobre a experiência.

Revista TransFormações em Psicologia:Como funcionam os processos seletivos?

Dalva: Lançamos o edital dizendo quantas vagas temos com cada parceira. O aluno apresenta uma lista de documentos elencados ali, e essa documentação toda é analisada pela comissão. A comissão então vai classificar os alunos de acordo com o desempenho acadêmico. E, a partir desse momento, os alunos são entrevistados pelos coordenadores dos convênios, que fazem uma análise do conhecimento linguístico dos alunos, porque as universidades exigem. Algumas exigem o TOEFL; outras exigem o conhecimento intermediário, outras o básico. Quem faz essa avaliação é o coordenador do convênio, e aí isso vem de novo para a comissão e a comissão dá o encaminhamento.

Revista TransFormações em Psicologia: E os coordenadores dos convênios são do instituto?

Dalva: Sim, todos professores, por que o convênio é feito a partir da solicitação de um docente. Então o docente apresenta uma solicitação e diz olha, eu quero um convênio com este país, com este professor, a minha área é essa, é um convênio de pesquisa, ou é um convênio acadêmico, internacional. E aí isso é apresentado para a comissão, que aprova ou não esse convênio. Feita essa aprovação, eu começo a desenvolver os documentos, apresento para a comissão os documentos que foram elaborados, depois passa pela congregação, a congregação aprova e a gente coloca no sistema –  chamado sistema Mercúrio. Aí o convênio vai ser analisado pela consultoria jurídica da USP.

Revista TransFormações em Psicologia: E os critérios para a aprovação dos alunos então são a apresentação dessa documentação, a entrevista e uma análise das notas?

Dalva: Não, o critério para aprovação dos alunos, definido pela comissão, é participação institucional, média ponderada, iniciação científica. Então o aluno tem que ter uma participação institucional, seja como monitor, seja como participação em congressos, em simpósios. Isso tudo foi determinado pela comissão, assim que ela se instalou.

Revista TransFormações em Psicologia: Trancamentos e reprovações são critérios de exclusão no processo de avaliação?

Dalva: São para as bolsas Mérito Acadêmico e Empreendedorismo. A equipe de avaliação destas bolsas é da reitoria e está acima da comissão daqui. Aqui existe uma comissão coordenadora dos convênios; nessa comissão está a presidente da CCINT, a presidente da Comissão de Pesquisa, a presidente da Comissão de Cultura e Extensão e a presidente da CG (Comissão de Graduação). Porque todos os convênios, mesmos quando não tem bolsa, tem uma análise da CG também. Porque a CG analisa se aquele plano de estudos que o aluno fez pro exterior é adequado para ele. E se não for, ela convida o aluno e vão acertar um plano. Quando o aluno está no exterior, ele tem que cumprir aquele plano. Se ele for mudar o plano de estudo, ele tem que comunicar a CG novamente e ela tem que autorizar. Mas aí no caso das bolsas Mérito Acadêmico e Empreendedorismo, existe uma análise aqui e chegando lá eles analisam e eles têm outros critérios, que não os da comissão.

Revista TransFormações em Psicologia: E como tem sido a concorrência/ingresso nesses processos?

Dalva: Desde que a comissão foi formada, vinte e três alunos foram para o exterior. Só que agora, neste primeiro semestre, houve um maior volume, dado que o reitor estava dando bolsas. O Instituto de Psicologia foi contemplado com nove bolsas. Saiu uma portaria, distribuindo as bolsas pela USP toda, e o Instituto recebeu nove bolsas. Nós apresentamos onze nomes, e dez nomes foram selecionados, então eles deram uma bolsa a mais do que a gente tinha. E neste semestre eu tenho já nove alunos inscritos, novamente concorrendo às bolsas.

Revista TransFormações em Psicologia: Então praticamente dobrou!

Dalva: Dobrou. Porque eu tinha antes três, quatro alunos por semestre, que iam bancados pelos familiares. Agora com a Bolsa Mérito Acadêmico, o aluno ganha a passagem aérea, a mensalidade de 900 euros (por exemplo, se esta for a moeda) e ganha o seguro. Então facilitou muito, porque 900 euros dá para ele cobrir as despesas de alimentação e de moradia.

Revista TransFormações em Psicologia: Durante o intercâmbio, o aluno deve cumprir o seu plano de estudos. E após o intercâmbio, quais são as exigências?

Dalva: Quando o aluno retorna, ele deve apresentar o histórico escolar do que ele fez lá e um relatório. Aí essa documentação é encaminhada para a CG, que analisa quantos créditos ela vai conceder ao aluno por aquele período. Outra coisa que é importante dizer é que a matrícula do aluno não é trancada quando ele está em intercâmbio. Aparece no histórico dele: aluno cursando disciplina no exterior.

O aluno pode ficar no intercâmbio um semestre e pode pedir prorrogação por mais um. Na verdade, ele pode ficar até dois anos no intercâmbio, só que ele precisa ir prorrogando, a cada seis  meses. É como se estivesse visitando a casa de alguém: o aluno não pode ficar lá se a universidade não permitir. Então ele primeiro apresenta o pedido, o desejo dele de continuar no intercâmbio; se a universidade disser sim, ele pode continuar.

Revista TransFormações em Psicologia: Essa questão dos créditos é muito importante. Vários alunos têm medo de ir atrás de um intercâmbio e não conseguir se formar em cinco anos. Vocês enfatizam esse aspecto em palestras e eventos?

Dalva: Não. Essa é uma questão da CG, e nós não entramos nesse mérito. Nós apresentamos a documentação e o resultado o aluno recebe da CG. Caso o aluno não esteja de acordo com a decisão da CG, ele pode conversar com o professor responsável ou entrar com recurso.

Revista TransFormações em Psicologia: Você tem o dado de qual a porcentagem média de equivalência dada?

Dalva: Não tenho. O papel da CCINT se restringe à apresentação da documentação.

Revista TransFormações em Psicologia: Quando o aluno volta, ele deve entregar um relatório. O que deve constar nesse relatório?

Dalva: Olha, é importante dizer também que o aluno deve trazer a ementa das disciplinas. As ementas e o histórico escolar. E o relatório em si fica um pouco a critério do aluno. Se ele quiser falar sobre a experiência dele…muitos falam sobre as suas experiências e entram nas questões de como as disciplinas eram apresentadas lá, como eram as aulas lá… “olha, a aula era dada assim, eu recebi o material pela internet, não recebi…”. Mas eu também só faço o encaminhamento para mandar para a CG.

Revista TransFormações em Psicologia: E quais você diria que são as vantagens e desvantagens para os alunos que ingressam em um programa de intercâmbio?

Dalva: Falando bem da minha experiência pessoal mesmo, eu acho que o intercâmbio é uma experiência para a vida. Não só a questão de você estudar no exterior, mas a vivência com outra cultura. Nessa fase da vida ainda é tudo muito novo. Mas independente da fase, acho que é uma experiência para a vida, mesmo. Quando os alunos falam da experiência deles nos encontros da CCint, é emocionante. É muito rico. E saber que você esteve ali, que você ajudou, participou daquele momento. Essa turma que foi agora no primeiro semestre, foi muito sofrido. Porque a Bolsa Mérito Acadêmico estava ainda sendo elaborada, então era uma experiência nova para a gente, era uma experiência nova para eles, era uma experiência nova para a reitoria. Então foi muito sofrido, nós formamos uma equipe, mesmo, de ficar ali “vamos ver como a gente consegue fazer isso, como a gente consegue elaborar isso da melhor maneira possível”.

Revista TransFormações em Psicologia: E para as instituições? Quais são os ganhos de enviar ou receber alunos de intercâmbio?

Dalva: Eu não saberia dizer…poderia dizer visibilidade. Porque o aluno estrangeiro, quando ele sai, a gente pede para ele fazer um relatório de como foi a experiência dele aqui. E é muito legal quando você vê o relatório do aluno…temos alguns relatórios no site. Não forçamos os alunos a fazer. Aqueles que fazem, fazem um depoimento espontâneo de como foi a experiência aqui, o que acrescentou. Eu também peço a mesma coisa para os nossos alunos, mas é mais difícil conseguir dos nossos alunos do que dos alunos estrangeiros – seria uma coisa boa se os alunos tivessem esse feedback, também.

Agora mesmo eu estava falando com uma aluna da Alemanha que está…sabe, parece que ela está numa piscina de bolinhas. Ela está alegre, eufórica com esse intercâmbio. E é uma pessoa que já foi para a África trabalhar em projeto social. Isso é uma coisa que a gente tem percebido, porque a professora Maria Inês, como presidente da CCINT, tem feito uma pesquisa, em que a gente pede para eles responderem algumas questões: por que eles estão aqui; como eles estão se sentindo. A professora Maria Inês faz esse acompanhamento. Quando eles chegam, a gente faz reunião com eles, depois a gente coloca eles na Semana de Psicologia, para fazer esse entrosamento mesmo, porque senão eles ficam meio segregados. Então a gente tenta inseri-los dessa forma. E é muito gratificante. O que a gente tem percebido é que a maioria dos alunos que vem para cá já fez algum tipo de serviço social. Então eles enxergam o Brasil como alguma coisa assim…tem uma aluna da Holanda que veio…ela trabalhou em uma favela na Bahia, aí quando ela teve a oportunidade de voltar, ela voltou. Ela estudou aqui e foi também para a Bahia de novo, rever aquelas pessoas.

Revista TransFormações em Psicologia: Legal! Uma das nossas perguntas seria justamente sobre a percepção que os alunos estrangeiros que vêm para cá em intercâmbio têm do Brasil.

Dalva: É, eu acho que é isso mesmo, eles têm uma visão romântica, uma coisa de “eu posso contribuir com alguma coisa naquele país”. Mas o número de estrangeiros diminuiu bastante devido à crise na Europa. Este ano eu tinha cinco alunos de Portugal que viriam – eu acabei recebendo só um, por causa da crise.

Revista TransFormações em Psicologia: Existe um programa de bolsa para os alunos que vêm de fora para cá?

Dalva: Não, em geral os alunos que vêm de fora bancam as próprias despesas. Mas existe o programa Erasmus Mundus, que também dá bolsas, dá passagem aérea, dá um monte de coisas. Então muitos deles vêm por esse programa lá da universidade deles.

Revista TransFormações em Psicologia:  O Erasmus é uma instituição internacional?

Dalva: O Erasmus é um programa de intercâmbio que ocorre muito na Europa. O aluno sai, por exemplo, daqui do Brasil e quer estudar numa instituição de Portugal. Ele estuda uma parte em Portugal e depois oferecem um outro período na Itália, por exemplo; aí depois ele pode retornar para home, como eles chamam, que é Portugal de novo, ou eu posso ir para outra – depende da minha vontade e depende do meu conhecimento linguístico. Eu tinha uma aluna da Eslovênia que foi estudar em Portugal, aí depois de Portugal ela veio para cá. Ela ficou um ano conosco, e agora ela não voltou mais pra terra dela, ela está aqui. Ela não voltou pro país dela. Então eles vêm muito por esse programa Erasmus que é muito… é uma potência lá na Europa. Não sei agora com a crise como está, mas eles viajavam para todos os países, estudavam em todos os países.

Revista TransFormações em Psicologia:  Os editais saem em épocas fixas?

Dalva: Um no começo do ano, março, entre março e abril, e tem outro que sai entre julho e agosto. Quem se inscreve em março-abril vai em setembro, e quem se inscreve em julho-agosto vai em janeiro.

Revista TransFormações em Psicologia:  E qual costuma ser o tempo entre a publicação do edital e o prazo de inscrição e apresentação da documentação?

Dalva:  É importante lembrar que toda a documentação deve ser entregue no ato da inscrição. Olha, o tempo entre a publicação do edital e o prazo de inscrição depende, porque agora com as bolsas Mérito Acadêmico e Empreendedorismo, dependemos também dos prazos das universidades do exterior. Porque assim, em setembro na Europa é férias, aí eles têm um prazo muito curto pra mandar a documentação. Então esse semestre, eu acho, nós ficamos só com quinze dias. Aí os alunos passam, já vão perguntando, já vão fazendo, e geralmente no último dia já entregam tudo.

Revista TransFormações em Psicologia: Estávamos pensando, alguns documentos requerem uma antecedência maior que essa para serem providenciados. O TOEFL especificamente, que é um dos exames de proficiência em língua inglesa mais pedidos, precisa de meses de antecedência pra ser agendado e realizado.

Dalva:  Então, mas normalmente quando o aluno quer ir, ele passa lá na minha sala com um ano de antecedência “Olha eu quero ir pra tal universidade”, “tá, pra quando você quer ir?”, “ah eu quero ir pro final do ano que vem”. Então eles estão sempre buscando informações.

Revista TransFormações em Psicologia:  A CCINT também cuida do programa de intercâmbio pra pós-graduação, ou apenas graduação?

Dalva:  A reitoria ainda não instituiu a questão do intercâmbio de pós-graduação, então o nosso foco é graduação, mas vai chegar o momento que vai ser feito o de pós. Agora, como tem alunos que passam por lá pra tirar informações a respeito da pós, aí a gente dá encaminhamento. Aqueles que passam por lá eu tento orientar, a professora Maria Inês tenta orientar, pra que eles façam uma documentação, que a gente monte um processo pra eles e deixe, para que no momento em que a reitoria busque informações a respeito desses convênios, o Instituto possa ter esses dados, porque quanto mais você tiver os dados da internacionalização, melhor para a unidade, mas, assim, é uma coisa esporádica, eu não sei quantos alunos de pós a gente tem no exterior.

Revista TransFormações em Psicologia: Há alguma diferença entre os convênios de intercâmbio na graduação e na pós-graduação?

Dalva:  A pós-graduação é mais livre, a graduação não: o aluno sai, vai fazer um semestre, vai fazer disciplinas certinhas, tudo mais. O intercâmbio de pós-graduação é mais uma coisa entre o orientador, o aluno e o orientador lá fora: alguém que receba o aluno no laboratório. Então é um trâmite que é mais solto, o aluno pode ir pra ficar vinte dias, pode ficar um ano. A reitoria ainda não estipulou isso. Para o controle dos alunos de graduação, nós temos um sistema, chama-se sistema mundus. Eu tenho aqui os editais e aí os parceiros do exterior podem mandar aqui seus alunos dentro dos nossos convênios, e a reitoria tem também recebido alunos lá e mandado pra gente: “olha eu tenho aqui um aluno da Dinamarca que quer estudar na psicologia”, coloca toda a documentação do aluno no sistema mundus, a comissão defere, e o aluno já pode vir no outro semestre. Aí a partir desse momento se o aluno tiver alguma dificuldade, alguma coisa, alguma questão, o aluno entra em contato diretamente com a gente e a gente vai orientando. O aluno estipula lá quantas disciplinas ele quer, aí eu passo isso para o professor da disciplina, se aquela disciplina não for acontecer, a gente manda o quadro de disciplinas e ele escolhe outra disciplina e a gente faz essa negociação entre ele e o professor.

Revista TransFormações em Psicologia: Qual conselho você daria para um aluno de graduação que está pensando em fazer intercâmbio?

Dalva:  Ah, eu sempre digo pra eles “olha, pense no seu curso, melhore sua média ponderada, participe, veja as áreas em que você pode atuar dentro da instituição, para que, na hora que você apresentar o seu pedido, você tenha chances”, né, mas acho que eles já estão fazendo isso.

Revista TransFormações em Psicologia:  Tá bom, acho que é isso! Muito obrigada, Dalva!

Dalva:  Nada! Obrigada vocês!

Entrevista com os Alunos

Tabela 1. Informações gerais acerca do intercâmbio realizado pelos alunos entrevistados.

 

País, cidade e instituição de ensino no exterior

Período de intercâmbio

Período da graduação ao realizar o intercâmbio

Auxílio financeiro

Carolina Gaue Zayat

Argentina, Córdoba, Universidad Nacional de Córdoba (UNC)

Segundo semestre de 2012, com duração de 1 semestre.

10º período

(5º ano)

Bolsa AUGM (Asociación de Universidades Grupo Montevideo)

Guilherme Célio Oliveira Silva

França, Rennes, Université Rennes 2

Segundo semestre de 2012, com duração de 1 semestre.

8º período

(4º ano)

Bolsa Mérito Acadêmico

Giovana Telles Jafelice

Holanda, Groningen, University of Groningen

Primeiro semestre de 2012, com duração de 1 semestre

9º período

(5º ano)

Não recebeu auxílio financeiro


Revista TransFormações em Psicologia: Para você, como foi tomar a decisão de realizar o intercâmbio e como foi passar pelo processo seletivo? (Motivação, escolha do país/instituição, dificuldades, etc.)

Carolina: Desde o primeiro ano no Instituto de Psicologia da USP aprendemos que não existe uma única Psicologia, e, sim, diversas psicologias, com diversas possibilidades, práticas e meios de estudo. Tendo em vista isso, estudar em outro país, com culturas e crenças diferentes, é um meio de não só conhecer mais uma psicologia, como também de aprimorar as diversas possibilidades já aprendidas. Desde o terceiro ano da faculdade tive vontade de fazer intercâmbio, justamente para estar em contato com as diferentes psicologias, mas busquei sua concretização somente a partir do quarto ano. No segundo semestre do 4º ano, comecei um curso de espanhol para tentar auxílio financeiro para o intercâmbio e, devido ao envolvimento em projetos e estágios, somente no 5º ano me inscrevi para o processo seletivo para realizar o intercâmbio.

Tive várias motivações para fazer o intercâmbio: conversas com outros alunos que já haviam passado algum semestre no exterior, curiosidade de aprofundar meus conhecimentos sobre a América Latina – vontade essa oriunda de uma viagem feita pela Bolívia e pelo Peru em 2011 -, vontade de aprofundar meus conhecimentos em psicologia, compartilhando ideias com alunos de outros países, e vontade de vivenciar experiências em um país diferente, onde a cultura e história são outras.

Quando saiu o edital da AUGM, interessei-me muito pela Universidad Nacional de Córdoba, por ser uma universidade bastante tradicional, antiga (fez 400 anos) e, ao mesmo tempo, com abordagens recentes e modernas em uma cidade cheia de história. Dentre as outras universidades do edital, essa foi a que mais me chamou atenção, oferecendo matérias diferentes e que poderiam complementar minha atuação no plano profissional.

O processo seletivo foi feito pela CCINT Central e contou com entrega de documentos em português e espanhol, como currículo, histórico acadêmico, carta de motivação, plano de estudos, carta de recomendação de algum docente e ficha de inscrição da universidade escolhida. Essa parte da documentação foi um pouco complicada, já que foi necessário traduzir tudo para o espanhol, pedir as assinaturas necessárias para a ficha de inscrição da universidade e ir atrás dos outros documentos. Pela quantidade de documentos pedidos, acabei me inscrevendo apenas no processo seletivo da AUGM. Após a entrega da documentação, participamos de uma prova eliminatória de conhecimentos de espanhol. Os aprovados na prova foram chamados para uma entrevista individual, parte em espanhol e parte em português. Esse processo foi um pouco desgastante pela ansiedade, mas a resposta da USP foi dada rapidamente. Porém, para ter a certeza da aprovação, é necessário esperar a resposta da universidade de destino, o que pode demorar bastante. Acredito que para uma pessoa que está participando de vários processos seletivos, estes devam ser muito desgastantes, também pela quantidade de documentos que se deve enviar.

Guilherme: Eu já tinha muito interesse em estudar língua francesa, pela literatura, filosofia, psicanálise, cinema e cultura de um modo geral desse país. Fui me aprofundando no estudo da língua e começando a ler quaisquer autores no original. Decidi, por fim, realizar um intercâmbio para ter experiências mais próximas e também para melhorar minha fluência.

Quanto ao processo seletivo, tudo passou relativamente muito simples. Claramente tive momentos de angústia, por certa indecisão relativa à bolsa. Porém, graças à Dalva – a quem muito gostaria de agradecer – tudo se passou muito bem. Ela é a funcionária responsável pelo CCNInt no IPUSP e seu trabalho e dedicação foram, de fato, muito importantes para que eu, e para que os outros que aqui na Europa estão atualmente, conseguíssemos nosso intercâmbio.

Giovana: Foi uma decisão bastante difícil. Sempre tive medo de morar fora de casa (mesmo que por pouco tempo) e em um país diferente, sem as pessoas que conheço por perto e tendo que falar outra língua. Sempre me pareceu uma experiência mais importante do que interessante, aquela típica coisa que depois você adora, mas antes de ir fica muito receosa. Nunca fui como as outras pessoas que sempre sonharam com isso e abririam mão de tudo para ir. Sou bastante apegada à minha casa, minhas coisas, minha família e meus amigos, que são de longa data. Também sempre gostei muito do meu dia-a-dia aqui no Brasil e morria de medo de ficar sozinha, nem sequer almoçava sozinha!

O processo de decisão veio, na verdade, quando me dei conta, conversando com uma amiga, de que estaríamos no último ano da faculdade e que já estávamos formadas em termos de crédito! Ou seja, seria um semestre muito morto aqui no Brasil. No Instituto de Psicologia (IP) não temos Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e eu já fiz todos os créditos (e mais) do que preciso pra me formar, então, de fato, era uma oportunidade que eu não podia perder. Você sempre abre mão de algumas coisas quando decide ir viajar, mas quanto mais velhos abrimos mais… Esse era o semestre perfeito para ir: eu poderia juntar a oportunidade de conhecer a Europa (pra onde eu nunca tinha ido), morar fora (o que todos sempre dizem que muda tanto a sua vida), conhecer muita gente nova, aprimorar meu inglês e ainda estudar psicologia! Só não foi mais perfeito porque não ganhei bolsa! (risos) As bolsas foram aprovadas apenas em março, mas dei a sorte de meus pais poderem pagar. Não é todo dia que se tem uma oportunidade dessas na mão!

Foi um momento em que decidi enfrentar vários medos meus e aproveitar essa oportunidade que a vida estava me dando. Também confesso que fui por um certo receio de me arrepender depois de não ter ido e porque vários amigos meus estavam pela Europa e eu ia ter companhia pra viajar e onde ficar em outros países! (risos)

Com relação ao processo seletivo, foi bem tranquilo… O mais pesado foi o da CCINT central, quando tentei ir para a Espanha com bolsa. Ainda não tinham essas bolsas novas (Bolsa Mérito Acadêmico e Bolsa Empreendedorismo), então era bem concorrido, com uma prova de Espanhol difícil e uma entrevista. Quando saíram os resultados, também deu a impressão de que eles davam preferência para alguns cursos específicos. Na verdade, a Holanda sempre foi minha preferência, por ser um país mais desenvolvido e pela língua inglesa (falo melhor inglês do que espanhol – e também queria aperfeiçoar o inglês), mas claro que eu não perderia a oportunidade de ir para a Europa com bolsa.

Uma vez que tomei a decisão de ir, eu queria ir para a Europa e treinar inglês. Esses eram meus critérios. E a Holanda tem uma boa localização, o que facilita para viajar. Meus pais também amam esse país, o que contribuiu para a minha escolha! Além de lá ser mais desenvolvido, organizado e ter propostas inovadoras…

O processo seletivo no IP foi bem tranquilo, pois como não havia bolsas a concorrência não era grande. Entreguei a documentação, o diploma do FCE (First Certificate in English – Cambridge) e fiz uma entrevista com um dos professores, para verificar meu nível de Inglês e se eu teria como me bancar lá. Foi um processo bem rápido e organizado, sem dor de cabeça. Depois de aprovada, resolvi tudo com ajuda da universidade de lá.

Revista TransFormações em Psicologia: Quais as dificuldades encontradas, ou que você encontrou até o momento, durante o seu intercâmbio?

Carolina: Antes de vir, tive minha confirmação final da universidade de destino somente em julho, o que dificultou um pouco a compra de passagem e minha organização para vir (viajei em agosto). Já aqui, uma das dificuldades foi no primeiro mês, quando tive ainda que fazer vários processos burocráticos, mas a UNC ajudou muito a conseguir o visto, nos informando sobre tudo que devemos fazer para consegui-lo. Outro problema surgiu quando fui fazer a matrícula na Faculdade de Psicologia e as matérias que eu pretendia fazer não aceitavam estudantes internacionais. Tive que escolher outras matérias bastante diferentes das que eu tinha em foco, mas que valeram a pena.

Guilherme: No começo, mesmo que eu tivesse um bom nível da língua, não tinha naturalidade suficiente para expressar com desenvoltura o que eu sentia.

Ademais, passei momentos de raiva quando na criação de uma conta num banco daqui, pelo preconceito de um funcionário em relação a estrangeiros.

Obviamente também houve dificuldades mais corriqueiras, contudo nada que não contribuísse para a experiência de ser estrangeiro, relativa a uma visão de mundo completamente diferente daquela que eu geralmente tinha antes de partir.

Giovana: Acho que a minha principal dificuldade foi ter me sentido sozinha muitas vezes. Eu nunca fiquei de verdade sozinha, fiz amizades logo no primeiro dia, na verdade, mas acho que era uma coisa minha! A gente sabe melhor do que ninguém que isso acontece, né? Conheci um monte de gente legal e adorei o lugar onde morei, a cidade, as viagens, tudo… Mas ainda assim me senti sozinha muitas vezes e contando os dias para voltar para o Brasil. Acho que tem a ver também com meu processo de decisão, que foi bastante racional. Sabia que tinha ido lá mais para amadurecer e aprender do que pra me divertir todos os dias. (risos) Acho que o jeito como a gente vai também influencia o que vive lá. Apesar de que, pensando bem, conversei com muita gente e todo mundo se sentia assim também. Acho que é só depois que a gente volta que só lembra das coisas boas!

Além disso, algumas dificuldades normais, como ter saudade de casa e dos amigos, fazer mercado em holandês, passar muito frio e tomar muito vento enquanto andava de bicicleta. (risos) A Holanda é um país bastante organizado, então não tive muita dor de cabeça. A universidade já tinha o calendário definido desde que cheguei, os sistemas funcionavam bem e eles têm experiência em receber os intercambistas. O esquema já está todo montado nas aulas, nas residências, pra comprar e vender bicicleta, pra abrir conta bancária. Foi bem tranquilo. Tirando as cartas e o site em holandês do banco. (risos) Ah, e a comida! É muito diferente e eu detesto cozinhar!

Revista TransFormações em Psicologia: Como você avalia os benefícios e prejuízos do intercâmbio para a sua formação a partir da sua experiência até agora?

Carolina: A possibilidade de estar em contato com outras abordagens em psicologia e aprofundar o fazer psicológico já estudado já é, para minha formação, um grande diferencial. Pensando nos prejuízos, como fiz o intercâmbio no final da minha formação e não fiz uma matéria obrigatória no Brasil, terei que cursar mais um semestre de graduação. Para mim isso não será um problema, mas talvez, para conseguir uma especialização ou algo depois da graduação, levem em conta que me formei em mais tempo.

Guilherme: Penso que seja um pouco difícil precisar em benefícios e prejuízos esta experiência. Prefiro não considerar as coisas sob esse ângulo. Mas diria que os abalos e as potências que se agitam em nós em momentos como esses são extremamente importantes mesmo para a clínica, além de para outros tantos aspectos de nossa vida pessoal.

Giovana: O intercâmbio contribuiu muito para a minha formação em psicologia, além de para a minha vida pessoal e cultural, o que não tem nem como dizer aqui. Apesar de estudar mais psicanálise e abordagens filosóficas como a fenomenologia aqui no Brasil e lá eu ter feito disciplinas de TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e neuropsicologia ou RH (Recursos Humanos) – a psicanálise simplesmente não existe na universidade de lá, é como a Alquimia pra Química hoje em dia -, foi bastante enriquecedor, porque pude ter contato com outras formas de pensar e de entender temas que me atraem, como na disciplina de psicopatologia. As aulas de lá também complementaram minha formação, dando ênfase em aspectos que eu tinha estudado pouco – o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª Ed.), por exemplo. Também foi interessante ver como a psicologia de lá é mais hegemônica do que a daqui, não há tantas psicologias como nós sempre comentamos e é mais “aplicada”, prática, voltada pro mercado, por exemplo, no caso de RH, e normatizadora, adaptativa, no caso da saúde mental. Eu acho menos crítica também, se comparada com nossa formação na USP. Apesar de preferir a “nossa” e de adorar todas as crises e complexidades que estudamos aqui, penso que foi importante poder ver outros modos, também válidos, de se estudar psicologia. E também pensei o quanto tem a ver com a cultura de cada país. Lá eles são muito mais organizados, práticos, diretos… Voltei brincando e dizendo que cada país tem a psicologia que merece! (risos)

Por enquanto não vi nenhum prejuízo, mas faz menos de dois meses que voltei. Acho que, como eu disse antes, a gente sempre abre mão de algumas coisas, de alguns projetos, de alguns pacientes, mas acaba fazendo parte da vida e de todas as vezes que escolhemos algo. Acho que os ganhos foram imensos, diminuindo qualquer prejuízo. Porém, para ser sincera, ainda estou no processo de me dar conta de tudo que aprendi, vivi, conheci. Demora muito para cair a ficha de que há 7 meses nunca tinha pisado na Europa e agora conheci quase 20 países. Também estou lendo super rápido em português depois de ler vários livros em inglês em poucos dias… (risos)

Revista TransFormações em Psicologia: O que falaria para alguém que pretende fazer um intercâmbio?

Carolina: Falaria para a pessoa se organizar durante a graduação, se ela tem interesse em alguma universidade específica que não tem como língua o português já começar com aulas de idiomas e planejar para que possa fazer o intercâmbio em algum momento que faça sentido para ela. Falaria que é uma experiência incrível, uma oportunidade que vale a pena, tanto no plano profissional, quanto no pessoal. Sem dúvida, é muito mais do que apenas uma linha no currículo, é a possibilidade de conhecimento, de entrar em contato com o diferente, com o novo, de contribuir com suas ideias, ouvir ideias dos outros, diferentes pontos de vista e levar tudo isso para o Brasil, marcadas pela vivência.

Guilherme: Que alguns momentos difíceis acontecerão, como também momentos de muita alegria. Independente desses supostos “prós” e “contras” (a partir dos quais temos a ilusão de poder medir a situação), é necessário se entregar à experiência. Para mim, foi extremamente importante um sentimento de depender do que me rodeava – de tudo o que me rodeava. Pois com esse sentimento eu podia simplesmente ver coisas completamente diferentes, já que vê-las fazia parte do meu aprendizado. Ou seja, talvez como uma criança, foi-me importante deixar-me levar pela estranheza ao meu redor.

Giovana: Eu diria que, se a pessoa for mais animada do que eu fui, vai se sentir menos sozinha! (risos) Diria que tudo vai sair diferente do que você imaginou e, na verdade, melhor. Eu penso muito que todos os problemas que tentei prever daqui nem se colocaram e surgiram coisas novas pra solucionar que eu nunca imaginei! Vá sabendo disso! (risos) Por exemplo, eu levei muitos livros daqui pra ler imaginando que ficaria sozinha no começo. Não fiquei nem um dia sozinha. Em compensação, quando minha bicicleta quebrou, descobri que na Holanda não existe guincho! Você tenta imaginar e solucionar tudo daqui, mas é sempre surpreendido e esta é a graça e o desafio.

Também sugiro muito morar nas residências. É a parte mais rica porque você convive com gente muito legal e de diversos países (especialmente em Groningen; como a cidade é montada para receber intercambistas, tem gente de muitos países e poucos brasileiros).

Por fim, diria pra não estudar muito e viajar todos os fins de semana! E olha que aqui no Brasil eu estudo muito mais do que precisa! Acho que viajar é o que vale mais a pena. É incrível a facilidade e a proximidade das coisas e como você aprende muito visitando os lugares e conversando com as pessoas. Voltei uma pessoa mais culta, com a cabeça aberta e pensando sobre novas questões – penso que isso também é fundamental pra quem estuda psicologia.