Não saber com clareza qual caminho seguir é natural, segundo professor da USP

estudante de escola pública, Vestibulando circulando na USP. foto Cecília Bastos/Usp Imagem

A multiplicidade de alternativas disponíveis no mercado pode ser um fator de angústia para os jovens que se encontram diante da perspectiva de ingresso no Ensino Superior. “Raros são aqueles que já sabem com clareza, durante o Ensino Médio, o caminho que desejam seguir. E isso é perfeitamente normal”, lembra o professor Marcelo Afonso Ribeiro, coordenador do Serviço de Orientação Profissional oferecido pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

Diante de tantas dúvidas e frequentemente sob influência da família, muitos jovens acabam almejando caminhos considerados seguros, a exemplo dos cursos mais tradicionais -Medicina, Engenharia, Direito e Administração. “São cursos que oferecem uma certa sensação de segurança, embora isso seja enganoso num mundo em que será preciso praticar o lifelong learning, o aprendizado ao longo de toda a vida”, descreve Ribeiro.

Ao ser questionado sobre os “cursos do futuro”, o professor – que também é o responsável por lecionar a disciplina de Orientação Profissional no último ano de Psicologia na USP – prefere não citar exemplos específicos, e sim grandes áreas. Ele diz que um forte indício está nos cinco cursos mais procurados no vestibular 2024 da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest): Medicina, Psicologia, Relações Internacionais, Audiovisual e Publicidade e Propaganda. “Temos aí três grandes campos em que certamente não faltará trabalho: a saúde, tanto física quanto emocional, a internacionalização e a comunicação.”

Atalho para o mercado

Um fenômeno que Ribeiro tem percebido na interação com os 500 alunos que participam por ano dos processos de orientação profissional (além de 3 mil que fizeram as oficinas oferecidas pelo Instituto de Psicologia durante a feira anual de profissões realizada pela USP) é um forte receio em relação ao futuro, sentimento que ele considera ter sido potencializado pela pandemia. “Há uma sensação de falta de controle e de desesperança, pois novas pandemias podem surgir a qualquer momento, além dos problemas causados pela mudança climática.”

Diante de um cenário de transformações tão rápidas e profundas, fazer um curso com duração de quatro ou cinco anos pode parecer “tempo demais”. Basta lembrar como o mundo era em 2019 e tudo o que aconteceu desde então – o que inclui não apenas a pandemia, mas também diversos avanços tecnológicos e algumas guerras. Nesse cenário, muitos jovens podem optar por uma experiência mais rápida e focada, como a proporcionada pelos cursos superiores de tecnologia, com duração de dois ou três anos.

As formações como tecnólogo incluem um amplo rol de especialidades, a exemplo de Saúde, Gestão, Comunicação, Infraestrutura, Produção Alimentícia, Produção Cultural, Segurança, Turismo e Recursos Naturais. “Essa escolha sempre sofreu um certo preconceito, como se fosse uma opção inferior de Ensino Superior, mas isso é uma grande bobagem. Trata-se de um caminho que pode ser promissor, mesmo porque tende a conectar os jovens mais rapidamente às necessidades reais do mercado”, avalia Marina Feferbaum, coordenadora da área de Metodologia de Ensino e do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito de São Paulo.

Senso de pertencimento

Os especialistas recomendam que o aluno do Ensino Médio pesquise tudo o que houver disponível sobre a instituição e o curso de potencial interesse, além de fazer uma visita para sentir o ambiente, conversar com professores, funcionários e alunos. “O melhor perfil para dar conselhos e uma boa noção da realidade são jovens que estão apenas dois ou três anos à frente”, ressalta Ribeiro. Pode-se, também, pedir para assistir uma aula. “Muitos alunos do Ensino Médio fazem isso aqui na USP.”

Para Marina Feferbaum, é muito importante analisar o currículo do curso desejado e o projeto pedagógico da instituição para verificar o quanto ainda há de apego ao modelo puramente conteudista, em vez da ênfase no desenvolvimento de competências e habilidades demandadas pelo mundo contemporâneo. “Outra questão essencial é a preocupação com o bem-estar e a inclusão dos estudantes. Senso de comunidade e de pertencimento são atributos essenciais na relação com a instituição de ensino.”

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