Investigar a história, sobretudo a que nos envolve diretamente, ainda nos permite assimilar o que podemos ser e fazer, embora não determine quem somos. Serve como ferramenta de conscientização, inspiração e construção para a própria vida, além de uma sociedade mais justa. E se envolver contato com outra cultura nos desafia e estimula a aprender com as diferenças, além de exercitar a empatia e o respeito e fortalecer os laços.
Aprende-se lições valiosas
Trazer à luz o que nossos familiares enfrentaram, ao longo de períodos marcados por diversos sofrimentos, injustiças, carências (de medicamentos, tecnologias, direitos etc.), ajuda-nos a enxergar o presente, o que inclui nossos desafios diários, de maneira positiva, ou um pouco mais otimista. Não que hoje seja tudo lindo, longe disso, mas são muitas as conquistas, e a gratidão, quando espontânea, ajuda a liberar serotonina, o hormônio do bem-estar.
Olhar para trás também enfatiza a importância de se ter conquistado liberdade e não aceitar violências físicas e psicológicas, enraizadas e naturalizadas, que podem ter experimentado as gerações anteriores, principalmente dentro da própria família e repassadas adiante. Tomar ciência disso pode ser um caminho para estabelecer um ponto final e ajudar o abusador a reconhecer o que faz e fizeram com ele, seus pais, avós. Uma mudança difícil, mas possível.
Saber que os antepassados erraram ou fracassaram em muitos aspectos também nos ensina a não carregar sobre nós possíveis cobranças e desejos alheios. “Esse tipo de conexão [com as origens] não envolve apenas acontecimentos bons, também ruins, mas sempre é possível extrair lições valiosas”, comenta Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental), em São Paulo (SP).
Mais sociáveis e completos
Ao montar uma árvore genealógica e localizar “primos” distantes, que nem imaginávamos existir, podemos contatá-los e, havendo interesse recíproco, construir uma relação “híbrida”, de família, mas com cara de amigos. O sangue pode ser o mesmo, mas, por não ter havido uma convivência, que, muitas vezes, com os parentes diretos é forçada, e essa se basear por pura vontade, pode ser que curse com um vínculo mais significativo e duradouro durante a vida.
“Pode fazer muito bem para quem é solitário [especialmente a idosos]. Existem processos terapêuticos em que é estabelecida uma linha do tempo, então vemos o passado do paciente, que, levado aos ‘primórdios’ de sua família, acaba se sentindo ‘mais completo’, inerente a uma história, e a partir daí tenta se entender para compor a própria jornada”, explica Liliana Seger, doutora em psicologia pelo IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo).
Essas amizades ‘novas’, embora relacionadas a tempos longínquos, ademais, são fundamentais para que possamos externalizar sentimentos (de alegria, emoção) reprimidos durante anos de busca, e demonstrarmos nosso afeto, amor, além de conhecimentos, o que é fundamental para a saúde mental. A interação nos faz sentir validados, compreendidos e acolhidos. Na mente da pessoa é como se seus ancestrais, por meio dos descendentes, tivessem, enfim, a encontrado.
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