Realizado no Instituto de Psicologia (IP) da USP, encontro tem como uma das propostas refletir e atualizar as diversas práticas clínicas na psicologia com base em discussões éticas, políticas, históricas e sociais

Fotomontagem com imagens de Rawpixel/Freepik e Public Domain Pictures por Rebeca Fonseca

O Instituto de Psicologia (IP) da USP promove nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, às 15 horas, o colóquio Fenomenologia Decolonial: Caminhos para o nosso território. O evento faz parte da 56ª edição da Roda de Conversas do Laboratório de Estudos em Fenomenologia Existencial e Prática Psicológica (Lefe) do instituto. O evento será gratuito e terá transmissão ao vivo pelo canal do Youtube do IP. As inscrições poderão ser realizadas preenchendo um formulário disponibilizado pelos organizadores.

A professora Henriette Morato é coordenadora do Lefe, núcleo responsável por estudar a influência da psicologia na perspectiva da interprofissionalidade em saúde, direito e educação – Foto: Arquivo pessoal

A conferência ocorre no Auditório Carolina Bori, no IP, e está sob organização de Cesar Dias de Oliveira, supervisor clínico no projeto de Atenção e Cuidado ao Conjunto Residencial da USP do laboratório Lefe, e é coordenado pela professora Henriette Morato, do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP. Henriette também é pesquisadora e se dedica a estudar a formação do indivíduo a partir das práticas psicológicas na área da educação. Ela também é coordenadora do Laboratório.

Uma das propostas da conferência é considerar as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, como o avanço dos debates no campo das diversidades – de gênero, raça, classe –  e como essas reflexões nos ajudam a compreender o ser humano em seu modo de viver a partir desses diálogos.

Para a professora Henriette Morato, esse momento será muito importante para refletirmos as diversas práticas clínicas existentes na psicologia, que poderão de forma ampliada aproximar pensamentos diversos e compreender o modo como o ser humano se sente afetado frente a isso para seguir adiante mais apropriado de si junto aos outros humanos.

Ela pontua que isso visa a exercitar na Universidade o debate público e contribui com uma instituição enriquecida por diferentes formas de pensar. “Num momento onde a USP está abrindo discussões sobre a situação contemporânea e seus questionamentos sobre o momento epocal do ser humano, a temática alinha-se com as preocupações da recente criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da Universidade, a PRIP”, diz a                                                                                            pesquisadora Henriette. Ela também ressalta o quanto o pensamento decolonial tem atuado entre psicólogos e a                                                                                      prática clínica de cuidado.

Maíra Clini relata que a pretensa neutralidade no campo da formação da psicologia acaba sendo uma reprodução dos lugares de privilégio e de violência epistêmica – Foto: Arquivo pessoal

Já para Maíra Clini, psicóloga e doutora em Psicologia Social pela USP, e também convidada para participar do colóquio debatendo a fenomenologia decolonial com os participantes, esse momento se faz necessário, pois nos leva a refletir as violências e hierarquias instituídas pela colonização e como isso carece abrir espaço para um pensar e um fazer clínico enraizado em nossa terra e voltado para o nosso povo. Ela também pontua os sérios riscos da psicologia que não exerce letramento decolonial, a qual acaba sendo aliada em reproduzir dominação e violência. Para ela, “o letramento racial é o mais importante dentro dos temas decoloniais, pois o racismo é parte de uma estrutura de poder imposta desde a invasão do nosso território pelos portugueses, reiterada até os dias atuais como projeto de continuidade de poder e de manutenção dos privilégios da branquitude.”

Esse momento, segundo Maíra, representa um convite para percebermos nossa imersão na colonialidade e resistirmos a ela, cotidianamente. Assim, para a psicóloga, o colóquio propõe pensar a influência desse tipo de pensamento na prática profissional dos psicólogos e como essa provocação conclama uma ética que se responsabilize por um olhar crítico e uma postura decolonial que nunca reproduza violências, preconceitos e discriminações.

Todos os participantes receberão certificados de participação na 56ª edição do colóquio organizado pelo Lefe, do IP.

Lefe

O laboratório do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP desenvolve atividades de formação, pesquisa e extensão acerca das influências da fenomenologia existencial e suas aplicações na psicologia. O núcleo oferece atenção psicológica à comunidade, usuários e funcionários de instituições públicas, no cotidiano do trabalho e em situações de desamparo frente à violência urbana. O serviço oferecido à comunidade na clínica-escola é o Atendimento em Plantão Psicológico.

Atualmente, o laboratório vem desenvolvendo estudos tanto na atuação de práticas psicológicas decoloniais, quanto na formação de profissionais da saúde e da educação a partir das abordagens psicológicas na área de aprendizagem.

Para mais informações acesse: https://www.ip.usp.br/site/laboratorio-de-estudos-em-fenomenologia-existencial-e-pratica-em-psicologia-lefe/

lefe@usp.br

Da redação do Jornal da USP, 5/10/2022
Arte: Rebeca Fonseca

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